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sexta-feira, 19 de março de 2010

Jovens cristãos corajosos


“Jovens, escrevo-vos, porque vencestes o maligno.Eu vos escrevi, jovens, porque sois fortes, e a palavra de Deus está em vós,e já vencestes o maligno”.
1Jo 2: 13b e 14b

Nosso tempo é insensível aos valores morais, familiares e espirituais. Todos sofrem os impactos das mudanças que a cultura globalizada e a massificação imprimem sobre nosso viver. Essas marcas podem ser vistas de maneira clara e particular na vida dos jovens. Por isso o apóstolo do amor encoraja os crentes a observar os valores cristãos. A preocupação joanina tem fundamento: “o mundo jaz no maligno”. O teólogo Karl Bart, com sua visão teológica existencialista do homem, conseguiu penetrar no âmago, daquilo que se tornou o ser humano caído - um ser inquieto. Diz-nos Bart:

“A inquietação - a ansiedade que nos espreita em toda criação não vem desta ou daquela dor, deste ou daquele horror, anseio, ou por alguma falta de beleza; nem provém da totalidade das coisas imagináveis que lhes possam dizer respeito diretamente, porém, vem da própria condição da criatura. Essa inquietação tem a sua origem no declarado deserdamento da vida direta e na insopitável esperança que a criatura tem”.

João está preocupado com os jovens cristãos. Ora perdidos, agora, salvos mediante a cruz de Cristo. Seu desejo era de que os jovens permanecessem fundados na verdade: “já vencestes o maligno”. Pelo poder do evangelho, eles tiveram suas vidas mudadas de pessoas entregues às paixões e concupiscências da carne para servos do Deus Santo. Os jovens podem e devem subjugar as forças carnais e canalizá-las para o padrão bíblico que produz frutos aceitáveis ao Senhor: “a palavra de Deus habita em vós”.

Exercício espiritual importante é a oração. Nosso tempo não dá tempo, dizem alguns. É verdade, o mundo tenta nos escravizar quanto às atividades urgentes e não podemos ao menos contemplar o belo, porque não há tempo. Ao lado dos cuidados que temos com a vida, para sermos vitoriosos temos de colocar “tudo diante do altar”. Ao fazê-lo, devemos deixar espaço para que o Espírito Santo fale aos nossos corações. Oração é diálogo e não monólogo. Somente através dela Charles Hummel conseguia alivio à sua alma, e escreveu:

“Um período de tempo diário adequado para esperar em Deus… é a única maneira pela qual posso escapar da tirania das coisas urgentes”.

Outra ferramenta básica para continuar vencendo o maligno é a leitura da Palavra. Nesta indicação, João dá uma chave importante: “…e a palavra está em vós…”. Em seu evangelho, o apóstolo, ao transcrever um discurso do Mestre, afirmou que, em estando em Cristo e, se suas palavras estiverem presentes nas vidas das pessoas, pode-se até pedir tudo, segundo a vontade de Deus, que será realizado.

Ora, em toda a apresentação da Bíblia há uma homogeneidade quanto ao valor da verdade como revelação especial de Deus ao homem. O salmista atestou que escondeu a Palavra em seu coração para não pecar contra o Senhor. Ter a Palavra guardada no coração é arma de valor imensurável para se vencer “este mundo tenebroso”. É preciso saturar a mente com as coisas do Reino.

Quantas informações recebemos durante o dia, através dos canais tecnológicos e humanos? Muito provavelmente, a maioria delas não tem o aval do Senhor santo e justo. É na Palavra de Deus que temos assegurado conhecer a vontade do Senhor. Devemos amar a Bíblia. Nela meditar. Dela obedecer a seus ditames. Martinho Lutero, o reformador alemão do Século XVI, tinha uma paixão tão grande pela Bíblia, que “virou” o mundo de seus dias de ponta-cabeça (coisa de jovem…), através da renovação que a Palavra lhe produziu. Ele a amava e declarou o seu amor:

“O que o pasto é para o rebanho, a casa para o homem, o ninho para o passarinho, a penha para a cabra montês, o arroio para o peixe, a Bíblia é para as almas fiéis”.

O jejum é outra ferramenta adequada. No mundo europeu e na América, onde já há mais problemas com a obesidade do que com a fome; tirar um momento para jejuar parece algo tão inusitado, estranho, que não se dá mais o valor que lhe cabe.

Ao dedicarmos ao jejum, principalmente aquele de Isaías capítulo cinqüenta e oito, das coisas desagradáveis, Deus opera em nós, pois estamos a declarar que o Senhor reina em nosso viver, que valorizamos a comunhão com o Senhor de Todas as Coisas, em detrimento dos valores, padrões e ditames mundanos.

É preciso exercitar estas ferramentas para que obtenhamos vitória em nossa caminhada. Empiricamente, todo aquele que sucumbe na vida espiritual, deixou os exercícios destas ferramentas.

Parece-nos desnecessário, descabido e até impossível viver uma vida de vitória sobre a carne, mundo e Satanás. Embalados por esta idéia, alguns, não poucos, têm vivido à risca, o que o famoso poeta português Luís de Camões deixou escrito: “Coisas impossíveis, é melhor esquecê-las que desejá-las”.

Entretanto, João, nesta passagem, menciona pessoas que haviam vencido o maligno e vencido sua doutrina, vencido seu modo de vida maligno, convites, fantasias - máscaras haviam sido descobertas. Jovens que venceram a estratégia de Satanás em tornar frio o que estava quente - pelo Criador; em tornar escuro o que se produziu em luz; em odiar, quando o amor era o imperativo. Jovens visionários num mundo mau, mas, vencendo os problemas e dificuldades pelo exercício da fé em Cristo, alcançada pelo sacrifício na cruz, pela justificação, regeneração e autêntica santificação.

Não era somente saborear a vitória que ocorreu no passado, mas continuar a vencer. João estava diante de pessoas que venceram o mundo mau de sua época. Cada era reserva dificuldades adequadas. Jovens que eram fortes, porque estavam municiados com a Palavra de Deus. Se o mundo gentílico, dado às orgias dos tempos de João pôde ser vencido, nosso tempo, desprovido de nobreza e escasso de bons valores, apesar de toda a liberdade conquistada a partir da revolução francesa, também o pode ser. O Senhor está conosco e tem o controle de todas as coisas.

David Brainerd foi um jovem visionário que, no século XVIII, deixou as facilidades de seu tempo e embrenhou-se pelo interior a pregar aos Navajos americanos. Depois de alguns anos, por causa de seu ministério, já fraco, doente, preparando-se para estar com Cristo, deixando uma noiva que o amava, declarou ao seu irmão que o assistia na “hora da morte” - Israel Brainerd, o seguinte: “Digo, agora, morrendo, não teria gasto a minha vida de outra forma, nem por tudo que há no mundo”. Ele tinha apenas vinte e nove anos de idade.

Jovens dignos num mundo indigno. Jovens fortes que vencem o maligno. Jovens firmados na Palavra, produzindo frutos para a vida eterna. Continuem a ouvir o belo e sábio conselho de João.

Fiquem na Paizzz!!!

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